segunda-feira, 25 de julho de 2011

O Farol de São Marcos

Mons. Hélio Maranhão

                                   Ten-Cel QOCPM, Cpl Ch do SAR\PMMA



                          São Luís, como toda cidade da orla marítima, tem seu farol que, com sua rajada de luz, ilumina as estradas das Barras do mar. É um motivo sentimental e poético, ensina-nos o Padre Astolfo Serra. Nesta terra, onde se afirma que “poeta é todo jovem maranhense que chega à maioridade”, a poesia faz parte da vida do povo sãoludovicense. E, creia-se, que nada há de mais poético e encantador do que um farol, muitas vezes secular, como este, vigiando, sempre, às altas noites, os caminhos do mar, todos em sua direção. Buscando a São Luís.
          Para todo maranhense, saudoso de seu rincão, longe de sua Capital, a evocação do velho farol da Barra é uma preocupação e uma consolação, como se naquela alma saudosa, houvesse um jato daquela luz suave, terna e branca que o Farol derrama, no silêncio de suas vigílias noturnas.
          Para os que chegam a São Luís, vindos do mar, o Farol anuncia o lar, o recanto delicioso, cheio de ternuras e afagos. E, para quem nunca saiu da Ilha dos Amores e para quem viveu sempre no apego da terra amada e idolatrada, o Farol é mais do que uma saliência histórica. É um monumento sagrado que monta guarda às tradições da cidade. O Farol tem o nome do Orago da Baia que é São Marcos. E foi plantado ali para substituir as fogueiras de lenha, nos tempos antigos, que se levantavam nas praias, avisando aos navegantes os perigos do mar. A respeito dessas antigas fogueiras, escreveu o Governador Bernardo da Silveira Pinho ao Ministro Tomás Antônio, lá pelos anos de l820: “O mais singular e irrisório é o chamado Farol que se compõe de uma pilha de pedras, em cima das quais se acende uma fogueira”. Era mesmo assim naquele tempo.
           O Farol de São Marcos domina a baia. Sua torre, de pedra e cal, é quadrangular. Sua altura é de quarenta palmos. Seu foco está elevado sobre o nível do mar. Naquela colina que é a Ponta de São Marcos, o Farol vigia o mar e domina as vagas. Penetra a escuridão das noites e tem humanos cuidados com todos os que andam perdidos nas vagas. Essa velha relíquia maranhense é venerada pelo Povo de São Luís, pois aos Domingos e Feriados ele é sempre visitado. Seus recantos são pitorescos e suas praias têm grandes curiosidades turísticas. Já nos tempos modernos, um marujo que foi Governador, o Comandante Magalhães de Almeida, fez construir ali, ao lado, uma elegante e moderna residência, para o veraneio dos Governadores do Maranhão. São Luís quer bem ao seu Farol. Gerações de escritores e poetas o cantam e o decantam e até, eu, diz o Padre Astolfo Serra, ao escrever estas páginas, sinto saudades dele, como de alguém que faz parte de minha gente e de minha própria família.
          O Padre Astolfo Serra está de parabéns e de parabéns estamos todos nós, depois de tantos anos, porque diz ele, o Farol de São Marcos é sagrado, porque mantém as tradições da cidade de São Luís. O Farol é o mesmo. Continua lá, de pé, garboso e altaneiro, vigilante e acordado, iluminando as noites da Baia de São Marcos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário