Mons. Hélio Maranhão – Ten. Cel
PM Cpl Ch do SAR/PMMA
O Papa Bento XVl,
pelo Motu próprio – Summorum Pontificum, (Moto próprio – Dos Romanos
Pontífices), de O7.07.2007, liberalizou
a Missa de São Pio V que é a Missa em
Latim, a Missa Tradicional como se diz simplesmente, segundo a versão do
Missale Romanum (Missal Romano), de 1952, aprovado pelo Papa João XXIII.
Juntamente com seu
“Motu próprio”, o Papa Bento XVl enviou uma Carta pessoal a todos os Bispos do
mundo, explicando as razões de sua decisão e deu ainda a “razão positiva” que o
levou a esta medida pastoral que foi exatamente
“buscar uma reconciliação interna, no seio da Igreja”.
Desde 1969. Tendo entrado
em vigor, o Novus Ordo Missae (o Novo Ritual da Missa), em 20 de novembro
daquele ano, causou muita estranheza nos arraiais católicos do mundo inteiro. E
o Papa Bento XVI, em sua
Carta pessoal, explicou que, a partir de então, muitas
comunidades “consideravam-se como que autorizadas e até obrigadas a
criatividades, o que levou-as frequentemente a desvios e deformações na Sagrada
Liturgia, no limite do superável. Falo, por experiência própria, porque também
vivi aquele período, cheio de expectativas
e confusões. E vi como ficaram feridas,
pelas deformações arbitrárias da Liturgia, pessoas realmente radicadas
na Tradição da fé católica. Seguiram-se desde então, na Igreja, muitas cisões
dolorosas, das quais a mais conhecida foi a do Arcebispo Lefèbre que Bento XVI
cita em sua Carta
e cuja reconciliação, o Papa Bento,
ainda hoje, procura buscá-la e
refazê-la.
É bom lembrar que o Novus
Ordo Missae ou a Missa Nova ou a Missa em português para nós, como se afirma
simplificadamente se insere num quadro muito mais amplo que o das acaloradas
discussões que surgiram logo após o Concílio Vaticano II. É ainda o Papa Bento
quem descreve a situação, pois, em entrevista ao Padre Johannes Nebel, FSB, em
11.11.2006, ele explicitamente autorizou que a mesma entrevista se publicasse,
à guisa de prefácio do livro – II Mondo Cattòlico: Verità e Forma (Milano,
2007), do Cardeal Leo Scheffezyk. Assim o Papa diz, naquela entrevista: “A
situação, depois do Vaticano II, era extremamente confusa e irrequieta. E a
própria posição doutrinária da Igreja não era mais sempre clara. Defendiam-se
teses que se presumiam possíveis, embora, na realidade, não estivessem de
acordo com a Doutrina Católica. E foi aí que eu me pude dar conta, continua o
Papa, de como o Cardeal Leo Scheffezyk era sempre o primeiro a tomar posição
clara. Eu mesmo, disse o Papa, naquele momento, me senti receoso em relação a
quanto deveria ter ousado, para ir diretamente “ao ponto”.
Ora se um teólogo, como o
Cardeal Ratzinger, se sentia confuso e embaraçado, diante da “situação
extremamente confusa e irrequieta”, naquele pós-Vaticano II, que pensar então
de outros eclesiásticos, de menor envergadura intelectual e de leigos, na
grande maioria, despreparados para entender e enfrentar esta proliferação de
opiniões conflitantes, nos arraiais católicos do mundo inteiro?
Não foi fácil conviver com a
situação dos “avançados”, “modernos” e “atualizados”, defensores da nova
situação da Igreja, com a Liturgia do Vaticano II. Em toda essa confusão, de algum modo,
persistente ainda hoje, o Papa Bento XVI vem procurando equilibrar a situação e
superar os exageros, entre “avançados” e “antiquados”, pois a Igreja, sempre,
como a virtude, está no meio, nem da direita nem da esquerda, pois a Verdade
que é Jesus Cristo é sempre a mesma, ontem, hoje e para sempre (Hb 13,8)
Esta, a razão do “Motu próprio” de Bento XVI. Com ele se faculta e não se impõe. Liberaliza e não se determina a todos os Padres a Celebração da Missa em Latim, segundo o Rito anterior ao Vaticano II (l962-l965), o Rito Tridentino, porque estabelecido pelo Papa São Pio V, baseado também numa Tradição mais que milenar, em função das Diretrizes do Concílio de Trento, o Concílio da Contra-Reforma Protestante, que teve sua altíssima visão para a sua época e seu tempo. Assim, ambas as visões são corretas, desde que respeitemos os tempos, sempre lembrados de que a Igreja – Corpo Místico de Cristo – está e estará sempre resguardada porque tem a garantia das Palavras de Jesus: “Tu és Pedro e tu és Pedra e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja. E as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela... Pedro, Eu orei por ti e tu, uma vez confirmado na fé, confirmarás teus irmãos” (Mt 18, 16-19; Lc 22,31-32)
Esta, a razão do “Motu próprio” de Bento XVI. Com ele se faculta e não se impõe. Liberaliza e não se determina a todos os Padres a Celebração da Missa em Latim, segundo o Rito anterior ao Vaticano II (l962-l965), o Rito Tridentino, porque estabelecido pelo Papa São Pio V, baseado também numa Tradição mais que milenar, em função das Diretrizes do Concílio de Trento, o Concílio da Contra-Reforma Protestante, que teve sua altíssima visão para a sua época e seu tempo. Assim, ambas as visões são corretas, desde que respeitemos os tempos, sempre lembrados de que a Igreja – Corpo Místico de Cristo – está e estará sempre resguardada porque tem a garantia das Palavras de Jesus: “Tu és Pedro e tu és Pedra e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja. E as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela... Pedro, Eu orei por ti e tu, uma vez confirmado na fé, confirmarás teus irmãos” (Mt 18, 16-19; Lc 22,31-32)
E já se vão 2012 anos
de caminhada histórica da Igreja Católica, neste mundo, a serviço da
Evangelização, apesar das limitações dos homens e das mulheres que já passaram
e de nós, hoje, que, um dia, também, passaremos, mas Ela, a Igreja, permanecerá
até ao fim da história, quando Deus será Tudo em todos, pelo poder de Jesus, o
único e suficiente Mediador entre Deus e os homens. Concluamos, pois: Sua
Santidade, o Papa Bento XVl, não
restabeleceu a Missa em latim, mas, apenas a liberalizou para quem quiser celebrá-la, pois a Missa em Latim
nunca foi abolida. No próximo artigo, explicaremos como o Novus Ordo Missae foi
verdadeiramente uma inovação do Vaticano II, de acordo com as orientações do
Papa Paulo VI que, de algum modo, realizou a Nova Primavera da Igreja e fez
acontecer o Novo Pentecostes, profetizados pelas palavras do Papa João XXIII
que assim falou, referindo-se aos novos horizontes do Concílio Vaticano II: “E
haverá na Igreja uma Nova Primavera e um Novo Pentecostes”.