quarta-feira, 8 de junho de 2016

Medalha de Ouro para a PMMA

          Texto de 2004 
                                                                 Mons. Hélio Maranhão
                                                                 Academia Maranhense de Letras

    Ao som vibrante da Banda de Música da PMMA que desfilou, depois da Formatura e das Promoções (por antiguidade e mérito): de Soldados a Cabos (13), de Cabos a 3º Sargentos (15), de 3º Sargentos  a 2º Sargentos  (4) e de 1º Tenentes a Capitães (2), só aqui na Capital. E, enquanto a Banda desfilou pelos pátios internos do QCG, executando o marcial Dobrado “Batista de Melo”, comecei a pensar em  escrever esta homenagem singela e singular, justa e merecida a todos os Militares da PMMA.
    Assim, no Discurso de orientações, correções e elogios, o Cmt Geral, Cel QOPM William Romão, ao término dos elogios aos homenageados, ele mesmo, depois de comentar e dizer que o Jornalista da  Globo, Jarbot,  concedeu   Medalhas ao Ministro da Defesa e  à Polícia Federal e não  se lembrou das Polícias Militares do Brasil, o Cmt Geral Cel Romão   deu solenemente e justificou, com soberbas razões, “Medalha de Ouro” às  Polícias Militares do Brasil e, especialmente,  à PMMA.
      Realmente os trabalhos dos Policiais Militares, “verdadeiros sacerdotes da Segurança Pública” (Cel William Romão), neste ano de 2004, foram extraordinários e incomuns. A PMMA esteve sempre presente, através do CPI e do CPM, em todos os quadrantes do Estado  (227 municípios) e em todos os Bairros e Povoados  (522) da Ilha, isto é,  na Grande São Luís, em  São José de Ribamar, em Paço do Lumiar e na Raposa.
       A Polícia Militar é um verdadeiro Sacerdócio que eleva e dignifica, sublima, exalta e até santifica o próprio militar, qualquer que seja o seu Posto ou a sua Graduação, do Coronel mais antigo ao Praça mais moderno, qualquer que seja a sua Religião ou Igreja, qualquer que seja a sua Filosofia de vida ou a sua Visão de mundo, sua dedicação total ou sua consagração plena, pelo seu profissionalismo, é algo de grande, de nobre e, até, de sagrado.
       A Policia Militar do Maranhão que é mais que sesquicentenária (l836 –  2004  =  l68 anos), além de ser uma das mais antigas instituições  do Estado, ela tem se mantido e  mantém,  até hoje, sua  “performance”,  com excepcional postura,  profissionalismo, técnica  e  ética, pois como afirmou recentemente o Cel Benedito Batista, Sub-Comandante e Chefe do Estado
Maior, ela, hoje, está entre as melhores e as mais destacadas PMs do Brasil, pois a Mídia Nacional vem afirmando e confirmando que o nível de violência e de assaltos em São Luís e em todo o Maranhão é realmente o menor e o mais baixo, em relação a todos os Estados da Federação

     A PMMA vem crescendo qualitativamente, todo dia, toda semana, todo mês e todo ano, a ponto de já se poder pensar e falar abertamente, da CARA NOVA DA POLÍCIA MILITAR  DO  MARANHÃO e, neste ano de 2005, já se está pensando num Planejamento Global e num Nivelamento  Instrucional para todos, em 3 níveis:  Visão,  Abordagens  e  Táticas Especiais,  para que a PMMA, na Cidade (CPM) e no Interior  (CPI), possa, de fato, acorrer melhor,  atender melhor, assistir melhor e servir melhor, pois a sua razão de ser, desde o sonho do Brigadeiro Falcão, seu  Criador, é ser a PMMA a Guardiã perpétua, a Defensora  permanente e a Servidora constante dos cidadãos maranhenses, quaisquer que eles sejam e onde quer que eles estejam.
       Vamos reconhecer a presença extraordinária da PMMA aqui e no interior Neste mês de dezembro (mês do  Natal de Jesus e das festas natalinas), os Comandantes dos Batalhões  ( 1  BPM – 6 BPM – 8 BPM – 9 BPM  e o BPA (antigamente  BPFLO), estiveram   muito presentes junto à criançada dos Bairros vizinhos, com uma farta distribuição de lanches, roupas e brinquedos, jogos infantis e distrações várias, também para os doentes, os velhinhos e as pessoas  mais carentes, com  Cestas de Natal e  um serviço  de Sopão  ( pelo menos em l4 Postos), para todos os que  precisavam. E bom será que, no  Natal do próximo ano (2005),  haja muito mais presentes  (brinquedos e roupas),  cestas e sopões e em muito mais lugares, na Ilha de São Luís. Imagino, mas não posso  afirmar nem testemunhar o que a PMMA já fez e está fazendo, neste mês, no Interior, com os Batalhões de Imperatriz, Balsas, Barra do Corda, Caxias e Pindaré. A PM é o CPM na Cidade  e  a. PM é o CPI no Interior. 

       As coisas estão mudando e vão mudar, sobretudo com o Planejamento Global e o Nivelamento Institucional para todos, em três níveis: Visão, Abordagens e Táticas Especiais, que já está sendo planejado para ser  trabalhado,  logo depois do Carnaval. Que beleza, a PMMA em plena arrancada para o futuro, para o amanhã e para o melhor. Deus Pai, em Seu   Filho Jesus Cristo e no Seu Espírito de Amor já abençoou e vai abençoar,  ainda mais, neste ano entrante  (Ano Novo de 2005),  a Grande Família da PMMA,  porque os Capelães -  Mons. Hélio, o Pr. Misael, o Pe. José Raimundo, o Pr. Josué, o Pr. José de Jesus e o Pr.  Ronivaldo, todos, estaremos seriamente empenhados em pedir e suplicar veementemente, junto ao Trono da Graça e da Misericórdia, pela única mediação de Jesus Cristo, para o crescimento, o bem-estar e a garantia da PMMA e sua nobilíssima missão, junto à Sociedade e o Povo do Maranhão.  

Ação Eclesial dos Padres e Pastores – Capelães Militares na PMMA




Mons. Hélio Maranhão, Ten-Cel QOCPM,
Capelão-Chefe do SAR/ PMMA
Texto de 2009


         A Capelania Militar, graças a Deus e à largueza de vista e à compreensão do Governo do Maranhão, conta, hoje, com 7 (sete) Padres e 7 (sete) Pastores. Os Padres  – Mons. Hélio Maranhão, Pe. José Raimundo, Pe. Raimundo Meireles, Pe. Cláudio Corrêa, Pe Paulo Henrique, Pe. Antônio Baldez e Pe. Ailton César – todos, por enquanto, em São Luís, cada um continuando em sua Paróquia territorial, pois estamos começando um trabalho novo, de assistência religiosa, espiritual e pastoral, nas Unidades Militares da Capital e, logo que for firmada a nova experiência, com a permissão e o apoio do Sr. Cmt Geral, Cel Franklin Pacheco Silva, iremos, com certeza ao Interior do Estado, pois lá está o maior contingente da PMMA e do Povo Maranhense.
         Dos Pastores que integram a Capelania Militar , 3 (três) estão em São Luís – Pr. Misael, Pr. Ronivaldo e Pr. José Luís e 4 (quatro) estão no Interior – Pr. Raposo em Bacabal, Pr. Josué, em Santa Inês, Pr.Raul em Imperatriz e Pr Cavalcante em Açailândia. Estamos querendo acertar, pois somos uma Experiência ousada, porque
nova e pioneira, única no Brasil, porque é uma Experiência  Ecumênica (Padres e Pastores, trabalhando, juntos, caminhando na mesma direção).  Esta “Experiência de
Pastoral Ecumênica” está a exigir muitíssimo de nós,  Padres e Pastores. A convivência fraterna e pastoral, católica e evangélica, entre Padres e Pastores, tem um carisma especial, dado por Deus, de Quem provêm todos os dons e graças (Tg l, l7-l8), pois somos uma experiência arrojada e  pioneira, única no Brasil e, talvez. no mundo. Este procedimento ecumênico exige muitíssimo de cada um de nós, Padres e Pastores, como já dissemos acima, pois o Ecumenismo é uma visão nova de Igrejas Cristãs, pois só faz Ecumenismo quem aceita Jesus Cristo, como seu Único e Suficiente Salvador.
         É uma “Experiência a caminho”, em busca de Deus, Nosso Pai, na revelação de Jesus Cristo, Seu Filho e Nosso Irmão e Único e Suficiente Salvador de todos os homens e mulheres que O buscam sinceramente, em cada pessoa, em cada acontecimento e em cada cousa e em cada causa que abraçamos Esta visão ecumênica,
altaneira e corajosa, exige de cada um  de nós, Padres e Pastores, muito respeito, e atenção, e cuidado, e caridade sobretudo, e valorização do outro, e confiança, e compreensão, e paciência fraterna, já que somos, Padres (Católicos) e  Pastores (de varias Denominações Evangélicos – Igrejas Pentecostais, Batistas e Igreja Universal do Reino de Deus)., todos,  juntos e, ao mesmo tempo, a serviço do Reino de Deus, proclamado por Jesus Cristo, para servir e ajudar, sem distinção de quaisquer pessoas e sem proselitismo, aqui, em São Luís e, brevemente, em todas as Unidades Militares do Interior do Estado. Estamos querendo acertar e vamos acertas e ajudar, pois aceitando Jesus Cristo, como Nosso Único Salvador e querendo seguir todos os seus passos, temos que nos colocar a serviço de todos os homens e mulheres, quaisquer que sejam e onde quer que se encontrem, já que o Senhor veio foi para servir e dar sua vida em resgate de todos. Ele Mesmo disse: “Estou no meio de vós como Aquele que serve e quem quiser me seguir, tome sua cruz e Me acompanhe os passos que Eu dou, hoje, em cada pessoa, em cada acontecimento e em cada cousa ou causa que abraçais e assumir, como feitos a Mim
(Mt 25t, 34-46). Necessário é segui-LO e servi-Lo nos irmãos mais necessitados e pobres e andar sempre em frente e para a frente. Necessário é dar as mãos a todos e a todos proclamar, “em alto e bom tom”, que Deus é Nosso Criador, Nosso Pai e Nosso Guia, na revelação de \Jesus Cristo ( Mt 6, 9-15),  para alcançarmos a meta final a que todos aspiramos e buscamos, por caminhos diversos e diferentes: a felicidade completa e a realização de todas as nossas utopias, anseios, desejos e esperanças.
         Vamos em frente.  Deus está conosco, se nós estamos unidos, uns aos outros, como Ele mesmo ensinou “Este é o meu Mandamento... Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amo... Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros como Eu vos amei (Jo 10, 12-14), pois sendo rico Me fiz pobre, sendo Deus Me fiz homem, sendo Eterno Me fiz temporal, sendo Infinito Me fiz pequenino,  sendo Criador Me fiz criancinha, nascendo numa até manjedoura e vivendo como todos vivem, porque vim para que todos tenham vida e a tenham abundantemente (Jo 10,10).
         A Experiência Ecumênica da Capelania Militar da PMMA é uma tonalidade nova e diferente, no Diapasão da Igreja, no Maranhão e no Brasil. Que Deus Pai abençoe os Capelães Militares de São Luís, Padres e Pastores, a serviço do Reino de Deus, na Polícia Militar do Maranhão.






















terça-feira, 31 de maio de 2016

A Procissão dos Ossos

A Procissão dos Ossos
Mons. Hélio Maranhão – Ten-Cel QOCPM, Cpl Ch do SAR/PMMA
                                  Entre as Procissões mais antiga de São Luís e, já, há muito, desaparecidas, uma se destaca, merecendo especial atenção. É a Procissão dos Ossos. O Padre Astolfo Serra a ela se reporta, transcrevendo uma das mais belas páginas dos Folhetins de João Lisboa: “Na véspera do Dia de Finados, logo à noite, sai a Procissão dos Ossos. Dir-se-á que as almas do Purgatório, não satisfeitas com os sufrágios dos fiéis que acodem ao lugar onde repousam seus corpos, saem, sob a forma visível e palpável dos Ossos, a solicitar pelas ruas, as orações dos tíbios remissos ou enfermos que se deixam fica em suas casas. Eu vi descer o fúnebre préstito, por uma das principais ruas de São Luís: “Eram extremas filas de Irmandades e Padres, de círios, lanternas e archotes acesos. À frente ia armada, como em troféu, a imagem do Senhor Crucificado e muitos painéis de Santos. No fim da fila, o sarcófago, cheio de ossos, cobertos com um pano preto, com uma cruz de galões mortuários, carregado pelos irmãos da Misericórdia. Logo após a Banda Militar, chorosa e sentida, a grande multidão vestida de preto e branco e a tropa com as armas em funeral. Durante a passagem do préstito, dobravam dolentes os sinos de todas as igrejas.
                                  Ao recolher-se a Procissão dos Ossos, quando desembocava na Rua São Pantaleão, o fúnebre cortejo se derramava, como um estreito e apertado canal e lá, do alto da torre da igreja, as luzes dos círios e archotes figuravam uma só chama imensa ou parecia a superfície de um rio em fogo que corria, cintilando e flutuando, ao dardejar do sol meridiano.
                                 O poeta provinciano, de então, Augusto Frederico Golias, cantou assim: “A lembrança dos mortos é sagrada... E, em procissão, os restos verdadeiros da humanidade se transportam... Mas, choroso e carpido, geme o bronze”
                                  Conta-se que um incréu, desses pedreiros-livres de outrora que sempre tinham um riso de escárnio para com a Religião, assistia, da janela de seu casarão de azulejos, a uma dessas procissões, quando uma velhinha, coberta de preto, passou bem perto da janela por onde espiava o ateu. Ela parou um instante e pegando na mão daquele homem, antes que ele se refizesse da surpresa do susto, disse-lhe em segredo: “segure esta vela, por favor!” Quando abriu os olhos, o ateu que julgava pegar um círio aceso, tinha nas mãos, com espanto, uma canela de defunto. Rezam as crônicas que, no outro dia, os sinos de São Pantaleão dobraram dolentemente pelo incrédulo que morrera fulminado.
                                  É assim. Não se deve brincar com as coisas sagradas da Religião, porque a santidade é de Deus e Deus é toda sabedoria, grandeza e poder. Deus merece todo o respeito e a atenção de toda a sua Criação.


Voltando a ativa!!

Queridos e queridas seguidores e admiradores de Mons. hélio Maranhão, o blog esta de volta, para não deixar morrer a chama e o vigor que Mons. Hélio tinha. Ele faleceu no dia 09 de novembro de 2015, vitima de uma apêndice que sulfurou. Foi a hora dele. Foi um guerreiro, lutou durante 13 dias na UTI, mas ele sabia que o seu momento tinha chegado. Como diz uma frase dele: "Eu sei com com quem vou, sei para o que vou e sei para onde vou". Todos nós temos a nossa hora. Ele foi sereno e calmo, deixando um legado incomparável. Deixo aqui o espaço aberto a todas as pessoas que quiserem escrever sobre ele. É só me mandar por e-mail seu artigo para shulamita@hotmail.com
Me chamo Shulamita Gonçalves Maranhão, filha adotiva deste senhor, que pra mim não era só um pai, era um amigo, companheiro, o padre, o militar que esta deixando muitas saudades.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

A Missa em latim, de novo?


Mons. Hélio Maranhão – Ten. Cel PM Cpl Ch do SAR/PMMA



                             O Papa Bento XVl, pelo Motu próprio – Summorum Pontificum, (Moto próprio – Dos Romanos Pontífices), de O7.07.2007,  liberalizou a Missa de São Pio V que é  a Missa em Latim, a Missa Tradicional como se diz simplesmente, segundo a versão do Missale Romanum (Missal Romano), de 1952, aprovado pelo Papa João XXIII.

                             Juntamente com seu “Motu próprio”, o Papa Bento XVl enviou uma Carta pessoal a todos os Bispos do mundo, explicando as razões de sua decisão e deu ainda a “razão positiva” que o levou a esta medida pastoral que foi exatamente  “buscar uma reconciliação interna, no seio da Igreja”.

                     Desde 1969. Tendo entrado em vigor, o Novus Ordo Missae (o Novo Ritual da Missa), em 20 de novembro daquele ano, causou muita estranheza nos arraiais católicos do mundo inteiro. E o Papa Bento XVI, em sua Carta pessoal, explicou que, a partir de então, muitas comunidades “consideravam-se como que autorizadas e até obrigadas a criatividades, o que levou-as frequentemente a desvios e deformações na Sagrada Liturgia, no limite do superável. Falo, por experiência própria, porque também vivi  aquele período, cheio de expectativas e confusões. E vi como ficaram feridas,  pelas deformações arbitrárias da Liturgia, pessoas realmente radicadas na Tradição da fé católica. Seguiram-se desde então, na Igreja, muitas cisões dolorosas, das quais a mais conhecida foi a do Arcebispo Lefèbre que Bento XVI cita em sua Carta e cuja reconciliação,  o Papa Bento, ainda hoje, procura  buscá-la e refazê-la.

                      É bom lembrar que o Novus Ordo Missae ou a Missa Nova ou a Missa em português para nós, como se afirma simplificadamente se insere num quadro muito mais amplo que o das acaloradas discussões que surgiram logo após o Concílio Vaticano II. É ainda o Papa Bento quem descreve a situação, pois, em entrevista ao Padre Johannes Nebel, FSB, em 11.11.2006, ele explicitamente autorizou que a mesma entrevista se publicasse, à guisa de prefácio do livro – II Mondo Cattòlico: Verità e Forma (Milano, 2007), do Cardeal Leo Scheffezyk. Assim o Papa diz, naquela entrevista: “A situação, depois do Vaticano II, era extremamente confusa e irrequieta. E a própria posição doutrinária da Igreja não era mais sempre clara. Defendiam-se teses que se presumiam possíveis, embora, na realidade, não estivessem de acordo com a Doutrina Católica. E foi aí que eu me pude dar conta, continua o Papa, de como o Cardeal Leo Scheffezyk era sempre o primeiro a tomar posição clara. Eu mesmo, disse o Papa, naquele momento, me senti receoso em relação a quanto deveria ter ousado, para ir diretamente “ao ponto”.

                    Ora se um teólogo, como o Cardeal Ratzinger, se sentia confuso e embaraçado, diante da “situação extremamente confusa e irrequieta”, naquele pós-Vaticano II, que pensar então de outros eclesiásticos, de menor envergadura intelectual e de leigos, na grande maioria, despreparados para entender e enfrentar esta proliferação de opiniões conflitantes, nos arraiais católicos do mundo inteiro?

                   Não foi fácil conviver com a situação dos “avançados”, “modernos” e “atualizados”, defensores da nova situação da Igreja, com a Liturgia do Vaticano II.  Em toda essa confusão, de algum modo, persistente ainda hoje, o Papa Bento XVI vem procurando equilibrar a situação e superar os exageros, entre “avançados” e “antiquados”, pois a Igreja, sempre, como a virtude, está no meio, nem da direita nem da esquerda, pois a Verdade que é Jesus Cristo é sempre a mesma, ontem, hoje e para sempre (Hb 13,8)                     
                    
Esta, a razão do “Motu próprio” de Bento XVI. Com ele se faculta e não se impõe. Liberaliza e não se determina a todos os Padres a Celebração da Missa em Latim, segundo o Rito anterior ao Vaticano II (l962-l965), o Rito Tridentino, porque estabelecido pelo Papa São Pio V, baseado também numa Tradição mais que milenar, em função das Diretrizes do Concílio de Trento, o Concílio da Contra-Reforma Protestante, que teve sua altíssima visão para a sua época e seu tempo. Assim, ambas as visões são corretas, desde que respeitemos os tempos, sempre lembrados de que a Igreja – Corpo Místico de Cristo – está e estará sempre resguardada porque tem a garantia das Palavras de Jesus: “Tu és Pedro e tu és Pedra e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja. E as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela... Pedro, Eu orei por ti e tu, uma vez confirmado na fé, confirmarás teus irmãos” (Mt 18, 16-19; Lc 22,31-32)

                        E já se vão 2012 anos de caminhada histórica da Igreja Católica, neste mundo, a serviço da Evangelização, apesar das limitações dos homens e das mulheres que já passaram e de nós, hoje, que, um dia, também, passaremos, mas Ela, a Igreja, permanecerá até ao fim da história, quando Deus será Tudo em todos, pelo poder de Jesus, o único e suficiente Mediador entre Deus e os homens. Concluamos, pois: Sua Santidade,  o Papa Bento XVl, não restabeleceu a Missa em latim, mas, apenas a liberalizou para quem  quiser celebrá-la, pois a Missa em Latim nunca foi abolida. No próximo artigo, explicaremos como o Novus Ordo Missae foi verdadeiramente uma inovação do Vaticano II, de acordo com as orientações do Papa Paulo VI que, de algum modo, realizou a Nova Primavera da Igreja e fez acontecer o Novo Pentecostes, profetizados pelas palavras do Papa João XXIII que assim falou, referindo-se aos novos horizontes do Concílio Vaticano II: “E haverá na Igreja uma Nova Primavera e um Novo Pentecostes”.




segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Os sinos de São Luís

                               Mons. Hélio Maranhão - Ten-Cel QOCPM Cpl Ch do SAR/PMMA

                                Das torres seculares das Igrejas sãoludovicenses, os sinos alegram a cidade, acordando, todos os dias, seus moradores. São os sinos das seis igrejas seculares mais antigas. Sinos da Igreja da Sé ou Catedral “Nossa Senhora da Vitória”, sinos da Igreja “São João Batista”, sinos da Igreja “Santo Antônio de Lisboa e Pádua”, sinos da igreja “Nossa Senhora dos Remédios”, sinos da igreja “Nossa Senhora do Carmo” e os sinos da Igreja “São José e são Pantaleão.” Estes sinos têm muitos tons e são afinados diferentemente. Enchem a cidade de toques e repiques, se há festas ou tocam dobres dolentes, se anunciam falecimentos, funerais e enterros. Tocam dobres também em Missas de 7º, 30° e de ano. É a grande força da tradição católica, em São Luís do Maranhão. Vejamo-los:
1) Os sinos da Catedral ou igreja da Sé dominam o Bairro do Palácio dos Leões e o bairro da Beira-mar. São sinos solenes e harmoniosos e tocam à chegado dos Bispos e para o Ritual das grandes solenidades. Estes sinos, afirma o Padre Astolfo Serra, soam, há mais de trezentos anos, ainda naqueles tempos dos solenes “Te Deum laudamus” (nós Vos louvamos) ou, sejam, nas grandes festas católicas.
                                
   2) Os sinos da igreja “Nossa Senhora do Carmo”são bimbalhantes, até mesmo barulhentos, apesar de se despejarem do alto das torres franciscanas. Parece até que são tocados por crianças que brincam de fazer zoada, para alegrar a Praça “João Lisboa” ou Praça “do Carmo”. Estes sinos já tiveram seu passado movimentado, na época, em que nessa igreja, morava o velho Padre Silvino, muito respeitado na Política. Padres sempre houve na Política, que foram homens violentos e extremados líderes partidários. E Padre Silvino era um destes, embora fosse um homem bom, inteligente e audacioso. Ele unia as funções de Sacerdote às de panfletário. Mantinha polêmicas acesas. E, neste sentido, a Igreja, presente no Maranhão, tornou-se famosa em lutas e polêmicas entre Padres e pensadores famosos. Basta lembrar a polêmica filosófica, mantida entre o Padre Fonseca e o Filósofo Tobias Barreto, este, em Recife e aquele, aqui, em São Luís. Debate forte e incomum. Por estas situações beligerantes, o Padre Fonseca sofreu perseguições violentas e até o acusaram de ter dilapidado a prataria das igrejas de Alcântara, para presenteá-la ao Bispo de seu tempo. E, por conta disso, contam anedotas pitorescas, pois o Padre gostava de jogar cartas, até às horas altas da noite, mas sempre à meia-noite, suspendia o jogo, para não quebrar o jejum da Missa, pela manhã.
                             
   3) Os sino da igreja “São João Batista” são bem humildes e pobres de ritmo, mas fazem religiosamente seu ofício, acordando os fiéis do centro da cidade.
                             
   4) Os sinos da igreja “Santo Antônio”são bonitos e harmoniosos, acordando os devotos para a Missa matutina ou, tocando, com alegria, na festa de São Benedito que, apesar de ser “pretinho” e de não ser “dono da igreja”, pois a igreja é de Nossa Senhora do Rosário
                             
     5) Os sinos da igreja “Nossa Senhora dos Remédios”, Patrona do Comércio, têm um jogo de harmonias delicadíssimo. Enchem a Praça do Poeta das palmeiras e dos sabiás, no bairro mais elegante da cidade. Os sinos dos Remédios recordam, por sua vez, a mais célebre das festas populares de São Luís, festa que mereceu algumas das melhores páginas do famoso João Lisboa. Esta festa, afirma o Padre Astolfo Serra, era a delícia da terra e nela os sinos derramavam, da linda igreja, em estilo gótico, aquela mesma torrente de harmonia que descia do alto para o coração dos moradores do Bairro, em São Luís.
                           
    6) O sino de São José e São Pantaleão é famoso e popular. É sino de uma torre só e exerce o mais sagrado dos ofícios. Ele é a voz plangente das mães e esposas, dos filhos e pais que choram e acompanham os entes queridos que passam para o cemitério, a cidade dos mortos. Sua voz parece afinada com o canto-chão do “de profundis” – Salmo 129. O sino sempre toca à passagem dos enterros, quaisquer que sejam. É seu ofício. O sino de São Pantaleão tem a alma destinada ao culto de São José e São Pantaleão. Mas não se fala de São José porque parece que o velho templo tomou depois, de fato, o nome de seu fundador – Pantaleão Rodrigues de Castro.
                            Além destes sinos maiores, há muitos outros, de capelas e igrejinhas. Há os sinos do “Rosário”, de “Santana”, de “Santa Teresa”, do “Desterro” e da “Capelinha das Laranjeiras”. Tempos houve em que os sinos de São Luís anunciavam os Ofícios Divinos, os Atos também políticos, até as entradas e saídas dos Governadores, os passeios dos Bispos pela cidade. Havia Leis e Regulamentos, como aconteceu em 1724: “Quando o Bispo sair pela cidade devem-se repicar os sinos por onde ele passar” (R. C. 1724). O mesmo acontecia com os Governadores Civis. Os sinos tinham obrigações regulamentares, repicando, toda vez que o Capitão Geral entrasse ou saísse do Palácio. Era como que uma continência sonora que lhe prestavam, contra a qual se insurgiu o Conde d’Aguiar que oficiou ao Capitão Geral, em 1812: “avisar ao Cabido não ser necessário repicar os sinos da Catedral, quando entrasse ou saísse do Palácio”.São estas as reminiscências que o Padre Astolfo Serra nos faz chegar até nós e aos nossos dias. Os sinos continuam nas torres seculares de São Luís. São guardiães das Tradições da cidade. A Tradição é a riqueza da memória e a segurança de um passado que sempre se renova, em nossos dias.       

              


segunda-feira, 25 de julho de 2011

O Farol de São Marcos

Mons. Hélio Maranhão

                                   Ten-Cel QOCPM, Cpl Ch do SAR\PMMA



                          São Luís, como toda cidade da orla marítima, tem seu farol que, com sua rajada de luz, ilumina as estradas das Barras do mar. É um motivo sentimental e poético, ensina-nos o Padre Astolfo Serra. Nesta terra, onde se afirma que “poeta é todo jovem maranhense que chega à maioridade”, a poesia faz parte da vida do povo sãoludovicense. E, creia-se, que nada há de mais poético e encantador do que um farol, muitas vezes secular, como este, vigiando, sempre, às altas noites, os caminhos do mar, todos em sua direção. Buscando a São Luís.
          Para todo maranhense, saudoso de seu rincão, longe de sua Capital, a evocação do velho farol da Barra é uma preocupação e uma consolação, como se naquela alma saudosa, houvesse um jato daquela luz suave, terna e branca que o Farol derrama, no silêncio de suas vigílias noturnas.
          Para os que chegam a São Luís, vindos do mar, o Farol anuncia o lar, o recanto delicioso, cheio de ternuras e afagos. E, para quem nunca saiu da Ilha dos Amores e para quem viveu sempre no apego da terra amada e idolatrada, o Farol é mais do que uma saliência histórica. É um monumento sagrado que monta guarda às tradições da cidade. O Farol tem o nome do Orago da Baia que é São Marcos. E foi plantado ali para substituir as fogueiras de lenha, nos tempos antigos, que se levantavam nas praias, avisando aos navegantes os perigos do mar. A respeito dessas antigas fogueiras, escreveu o Governador Bernardo da Silveira Pinho ao Ministro Tomás Antônio, lá pelos anos de l820: “O mais singular e irrisório é o chamado Farol que se compõe de uma pilha de pedras, em cima das quais se acende uma fogueira”. Era mesmo assim naquele tempo.
           O Farol de São Marcos domina a baia. Sua torre, de pedra e cal, é quadrangular. Sua altura é de quarenta palmos. Seu foco está elevado sobre o nível do mar. Naquela colina que é a Ponta de São Marcos, o Farol vigia o mar e domina as vagas. Penetra a escuridão das noites e tem humanos cuidados com todos os que andam perdidos nas vagas. Essa velha relíquia maranhense é venerada pelo Povo de São Luís, pois aos Domingos e Feriados ele é sempre visitado. Seus recantos são pitorescos e suas praias têm grandes curiosidades turísticas. Já nos tempos modernos, um marujo que foi Governador, o Comandante Magalhães de Almeida, fez construir ali, ao lado, uma elegante e moderna residência, para o veraneio dos Governadores do Maranhão. São Luís quer bem ao seu Farol. Gerações de escritores e poetas o cantam e o decantam e até, eu, diz o Padre Astolfo Serra, ao escrever estas páginas, sinto saudades dele, como de alguém que faz parte de minha gente e de minha própria família.
          O Padre Astolfo Serra está de parabéns e de parabéns estamos todos nós, depois de tantos anos, porque diz ele, o Farol de São Marcos é sagrado, porque mantém as tradições da cidade de São Luís. O Farol é o mesmo. Continua lá, de pé, garboso e altaneiro, vigilante e acordado, iluminando as noites da Baia de São Marcos.